domingo, 25 de julho de 2010

Projeto Terreirada











Durante dois dias a cidade de Itabuna discutiu a situação das Comunidades Tradicionais de Religiões de Matriz Africana.
O I Seminário Sócio Cultural da Religiões de Matriz Africana, aconteceu nos dias 22 e 23 de julho de 2010, no Itabuna Esporte Clube.
O encontro envolveu as lideranças da maiorias dos Templos/Terreiros,da cidade e região, adeptos e simpatizantes, curiosos e pesquisadores, grupos culturais e Pontos de Cultura do Território Litoral Sul, além de autoridades da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade, Srª Karine Limeira e Sr Agnaldo Silva; representando a Regional Nordeste do MinC a Srª Maria Augusta Amaral; O Sr José Nilton Azevedo Leal,Prefeito do Município de Itabuna Sr Ciro de Mattos, Presidente Fundação Itabunense para a Cultura e Cidania; Sr Ramiro Aquino e José Antônio Formigli, Secretários Municipais; O Sr Raimundo Bonfim, Pró Reitoria de Extensão UESC, o Sr Luciano Esteves, representando o Deputado Luiz Alberto; O Sr Anderson Silva Representante Territorial Litoral Sul SECULT/BA.
Apresentações Culturais do grupo Afro Encantarte, Grupo Afro Dilazenze, Grupo Samba de Treita, Grupo de Capoeira Humaitá, Filarmônica 02 de Janeiro de Canavieiras, Grupo da Burrinha de Una.
Cortejo Cultural puxado pelo Afoxé de Oxun, do Ilè Axé Ijexá Orixá Olufòn.
Cerimônia Religiosa das Comunidades dos Terreiros em homenagem aos Ancestrais e Orixá Oxalá, Patrono da cidade de Itabuna.
A Cultura Afro Brasileira está presente nas Comemorações do Centenário de Itabuna.
Quem é de Axé diz que é!

domingo, 18 de julho de 2010

AÇÕES AFRODESCENDENTES NO CENTENÁRIO DE ITABUNA


AÇÕES AFRODESCENDENTES NO CENTENÁRIO DE ITABUNA

Itabuna comemora o seu centenário de emancipação política. Marcada por uma diversidade cultural e étnica, a sociedade itabunense se mobiliza para os festejos. Várias molduras, no entanto, delimitam um quadro social, político e econômico em que diversos segmentos da população itabunense ainda se debatem por conquistar seus direitos e participação no cenário municipal. Entre tais segmentos, é notória a situação dos negros, seja na economia, na educação, na religião, na saúde, na moradia, no lazer. Tanto quanto nos demais aspectos, foi na religião que os afrodescentes de Itabuna encontraram uma muralha de preconceito descomunal. E justamente no campo da religião de matriz africana os afrodescentes fincaram trincheiras de resistência.
A princípio, tal segmento social foi considerado sob uma falsa suposição de um relacionamento afetuoso com as classes dominantes. Com a falência de tal entendimento, passou-se ao tempo da folclorização. Foi uma época em que as escolas e a sociedade como um todo consideravam os valores, símbolos e liturgia das religiões de matriz africana como motivos para diversão. E sob a aparência de eventos folclóricos, os afrodescendentes viram seus valores religiosos vilipendiados, tratados como algo exclusivamente motivador da diversão.
A virada de tal quadro vem acontecendo no bojo das mudanças nacionais, capitaneadas pelo movimento negro, pelas reformas educacionais, pelo restabelecimento do Estado de Direito, pela vivência da prática democrática. Em Itabuna, no entanto, o ritmo de tais mudanças é muito lento ainda. Por isso mesmo, urge que os afrodescentes se organizem para reivindicação de seus direitos constitucionais.
Acreditando nisso, um grupo itabunense de praticantes de religiões de matriz africana iniciou uma série de atividades, no sentido de conseguir organização social, a fim de fazer frente a tal estado de coisas. Tal grupo é constituído por babalorixás, ialorixás e pessoas graduadas de diversas entidades religiosas da referida matriz. A partir de reuniões quinzenais, que ocorrem em diferentes terreiros de candomblé e centros de umbanda, o referido grupo vem estruturando suas bases de ação. Desse trabalho, um resultado concreto se avulta no nível de atividades e de ações políticas.
Assim, foi fundada a Associação Grapiuna de Entidades Religiosas de Matriz Africana ̶ AGREMA, que objetiva congregar as Casas de culto que comunguem dos ideais da referida associação; foi identificado Oxalá como Orixá Padroeiro de Itabuna; decidiu-se pela participação nos festejos do centenário de Itabuna e pela realização do Projeto Terreirada, financiado pela Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade, em parceria com a Prefeitura Municipal de Itabuna, Universidade Estadual de Santa Cruz, Representação Nordeste do MinC, Associação Grapiúna de Entidades de Matriz Africana(com uma série de palestras, exposições e atividades artístico-culturais) e de um ritual religioso, integrado no calendário oficial da cidade, dos festejos do centenário.
Tais ações objetivam beneficiar o coletivo das Entidades Religiosas de Matriz Africana da Região Grapiuna. Com siso, busca-se fazer frente às trincheiras do preconceito, ainda tão fartas nesta Região. Compreende-se que, desse modo, se contempla a diversidade étnica e cultural, na defesa do exercício da cidadania para afrodescendentes, no respeito aos direitos humanos, no atendimento aos anseios de um considerável segmento da sociedade grapiuna.
De outra sorte, contribui-se para o rompimento de barreiras sociais, na construção do conhecimento, num sentido prático, sobre as raízes, a história e as linguagens religiosas dos afrodescendentes em Itabuna. Em Itabuna, a população de origem negra vive em um meio sócio-econômico desfavorável, carregando con sigo formas culturais relacionadas aos conflitos, à resistência, à rejeição, à superação e à exclusão, próprias do seu passado histórico e de suas vivências culturais. Seus valores, principalmente os religiosos, estão ocultos, são incompreendidos e não apresentam significado para a sociedade mais ampla. Tal trama contribui para que os afrodescendentes se distanciem progressivamente de suas referências culturais e históricas. Evidentemente, isso também concorre para a expropriação de saberes, dicotomias sociais e reforço de preconceitos.
As ações do referido grupo buscam a valorização da cultura e religiosidade afro-brasileiras. Objetivam o respeito e o diálogo com outras religiões, para a construção de um mundo em que haja maior entendimento entre as pessoas e sejam aplicados os paradigmas da Justiça e do Direito. Evidentemente, disso decorrerá maior entendimento entre as religiões de matriz africana e de demais religiões. Tudo isso há de concorrer para o fomento da reflexão crítica da história, da cultura e da realidade social afro-brasileira em Itabuna, na Região Sul da Bahia e no Brasil.
As ações também almejam mostrar a importância dos negros na cultura regional. Para tanto, há de se discutir a questão do racismo e sua influência na auto-estima do segmento social constituído por afrodescentes. Daí, um método de trabalho centrado na divulgação das origens, histórias e realizações do povo das Casas de Matriz Africana e no reconhecimento de seu valor na formação étnica e riqueza cultural de Itabuna. Por isso, investe-se na criação de um canal alternativo de divulgação da herança dessas Casas, para que haja a continuidade delas, através da herança cultural de seus antepassados a seus sucessores. Trata-se de investir na dissolução de um valor pernicioso encapsulado na afirmação de que somos um povo sem memória.
Assim, todas as Casas de culto de matriz africana e a população de Itabuna em geral estão convidadas para participar do Projeto Terreirada, que acontecerá nos dias 22 e 23 de julho, nos turnos matutinos e vespertinos, no Itabuna Esporte Clube. No encerramento do evento, acontecerá a celebração de um ritual em homenagem aos ancestrais e em louvor a Oxalá, considerado pelas Casas de Culto como Orixá Padroeiro de Itabuna. O evento ocorrerá na Avenida Beira Rio, no dia 23 de julho, às 18 horas.
De igual sorte, o convite continua em aberto a quantas entidades religiosas de matriz africana que queiram juntar-se ao grupo propositor na luta por alcançar os objetivos aqui defendidos.

Itabuna, 19 de julho de 2010.
(Assinam essa declaração um conjunto de onze entidades religiosas de matriz africana.)

Nome/Sacerdote Terreiro/Templo
01-Iyálorixá Desdêmona Ferreira Dantas Ilè Axé Oya Funké
02-Babalorixá Ruy Póvoas Ilè Axé Ijexá Orixá Olufòn
03-Babalorixá Jorge Eduardo Silva Santos Ilé Axé Ìjoba T’Osumare-Yewà
04-Mametu ti N’kissi Altina Pereira dos Santos Terreiro de Oxum
05-Babalorixá Genivaldo Guimarães dos Santos. Ilé Ifá Orunmila Elerin Ipin
06-Babalorixá Romário Pereira de Almeida Ilè Axé Omineji lona
07-Mametu Maria Lúcia Santos Conceição Ilè Axé Ela Boros si
08-Omorixá Maria Luisa Kruschewski Clímaco Ilè Axé Iyá Omin
09-Iyálorixá Sônia Maria da Silva Ilè Axé Águas de Oxum
10-Babalorixá Antônio Porqueres de Souza Ilè Axé de Oxossi
11-Babalorixá Paulo Ricardo Valette Nascimento Ilà Axé Ijobá Laadè
12-Omorixá Maria José Batista Terreiro de Xangô
13-Tatetu ti Nkissi Reginaldo dos Santos Terreiro Rei de Visaura
14- Babalorixá Aílton de Oliveira Silva Ilè Axé Ogun Talokãn
15- Tata Marinho Rodrigues Terreiro Matamba Tombenci Neto Ilhéus - BA

sexta-feira, 2 de julho de 2010

 
 
 
 

Pontos de Cultura do Litoral Sul, organizam o II Encontro, com previsão para acontecer no mês de agosto, na Cidade de Ilhéus.
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Carta do Grupo Humanus a ACAI


O MOVIMENTO LGBT E AS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA

Desde os primórdios tempos na formação da sociedade brasileira, os LGBT, sempre tiveram apoio incondicional nos espaços onde a religiosidade era tratada dentro dos ritos e preceitos das matrizes africanas.

Tanto o homem se delicado ou não, se a mulher máscula ou não, nunca eram tidos ou tratados com diferencial ou reprimidos no exercício da sua expressão religiosa, pela sua orientação sexual. Isso é fato.

As primeiras uniões que se tem conhecimento dentro do território brasileiro entre pessoas do mesmo sexo se deram dentro dos cultos e terreiros de matriz africana, o que demonstra o respeito a diversidade e às diferenças.

Outro ponto que une muito os povos de matriz africana e os LGBT, o fato como a sociedade em seus diversos setores sempre colocara ambas as populações em uma situação de marginalidade negando seus direitos, e dificultando o emponderamento político e social destas duas populações.

As lutas travadas, e proteção aos seus são traços marcantes dentro destas duas populações o fato dos terreiros, sempre ter acolhido e protegidos seu filhos, é exemplo vivo para a politização e meio de formação nas primeiras associações LGBT, nos anos 80.

A língua, uma relíquia dos povos de matriz africana fora de pronto nos anos de perseguição policial absolvida pela maioria dos LGBT, e até o presente é uma espécie de dialeto da população LBGT, pois este dialeto quando usado em situações de perigo ou de extrema necessidade muitas vida já salvou e salva.

A preservação da oralidade de origem nas matrizes africanas dentro do candomblé e no movimento LBGT, é uma questão cultural de suma importância, visto que são saberes que devem ser registrados , documentados, preservados e passados às novas gerações.

Esse processo de documentação deve se dar dentro de espaço fora dos centros acadêmicos, com uma ligação especifica com estas populações, para que seja preservada a cultura tanto na sua oralidade através de criação de câmaras de cânticos especificas, respeitando as tradições de cada nação, bem como os registros destes cânticos, em livros e incentivo aos iniciados no sacerdócio o ato da escrita com dialeto da sua nação.

Indumentária, vestes e adereços é um ponto que une novamente a população de matriz africana e os LGBT, a criação, o corte, a costura e confecção de ornamentos de rituais, extrapolou os muros dos terreiros e invadiu os salões de centros de artes em exposições magníficas, e tornou-se o grande impulso nas fantasias dos grandes carnavais do mundo.

Expostos alguns pontos, tenho o orgulho de falar da importância, de um ponto de cultura em parceria com o culto religioso de matrizes africanas, visto e ligação direta e prioritária deste espaço na criação cultural destes povos, bem como a sua manutenção e desenvolvimento.

Fonte:
Jose Antonio Loyola
73-8803-4714
73-8123-8260

Grupo Humanus
Rua Ruffo Galvão, 19, sala 104, Centro
Itabuna-BA 073-88380524

quinta-feira, 1 de julho de 2010

TERREIRADA 2010



De 22 a 23 de Julho de 2010 será realizado o I Seminário de Cultura e Religiosidade Afro-Brasileira da Região Grapiúna, na Cidade de Itabuna/BA.


O Projeto Terreirada 2010 é proposto em dois momentos, sendo:

•I Seminário Sócio/Cultural das Comunidades Religiosas de Matriz Africana, da Cidade de Itabuna e Região Grapiúna, promovendo o primeiro diálogo amplo e aberto, entre esses coletivos, composto atualmente por 44 Comunidades Tradicionais, identificadas em Mapeamento (Ponto de Cultura/ACAI/2009), somente na cidade de Itabuna/BA, mas, também, entre outros segmentos religiosos e a sociedade civil organizada. A Projeto propõe palestras, Exibições fotográficas dos Terreiros/Templos, Stand de livros e material de leitura com a temática Afro-Brasileira, roda de capoeira, samba de roda, percussão e dança afro, leitura de textos e poemas. Além de Comida típica Baiana.

•Cerimônia Pública em homenagem aos Ancestrais e a Orixá Oxalá (Orixá Patrono da Cidade de Itabuna) ministrado por Sacerdotes/isas de Templos de Matriz Africana. Apresentações de Grupos culturais de Matriz Africana.

A Cidade de ITABUNA, foi contemplada pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, com o Projeto Terreirada. O Projeto foi um dos ganhadores do Edital 01/2009 SEPROMI/BA.
O evento acontece num momento histórico em que se comemora o Centenário da Cidade de Itabuna, terras adubadas com o suor e o sângue dos negros escravos africanos. Seus descendentes ainda guardam sua cultura e suas tradições ancestrais e ainda buscam seu espaço neste Brasil Multicor.
Com o propósito de direcionar essa "busca" estamos promovendo esse diálogo, com a intenção de valorizar esses descendentes, criamos um espaço para que eles mostrem sua arte e seu talento, com o desejo de agradecer a nossos ancestrais, vamos nos reunir e juntos orar e louvar ao nosso Criador.
Vivenciamos na Região Grapiúna uma situação de conflito, onde as etnias tradicionais continuam lutando por um re-conhecimento às suas tradições e direitos. Se faz necessário provocar e promover o diálogo entre os diversos "atores sociais" envolvidos, inclusive, outras comunidades tradicionais que enfrentam as mesmas questões, relativas ao preconceito, a violência, a discriminação e o desrespeito.

Itabuna não vai comemorar seu Centenário sem prestar sua justa homenagem aos seus ancestrais e a cultura Afro-Brasileira.

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